Arte e Acompanhamento
A PARTIR DE UMA REFLEXÃO SOBRE A PINTURA DE SIEGER KÖDER “EMAÚS“
“Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém” (Lc. 24,13).
INTRODUÇÃO
O acompanhante é uma pessoa sensível atenta, sem pressas, e embora saiba que há muitas coisas importantes, conteúdos imprescindíveis e opções urgentes... sabe também que a planta não cresce se for maltratada, senão que há que deixar que cresca por si mesma e se desenvolva. Não basta semear há que regar, colocar abono, esperar, sorrir-lhe… (Irving Gabriel Amaro Ramayo).
Bons Dias, irmãos e irmãs: Quero começar com algumas palavras da Exortação Evangelii Gaudim "O acompanhamento … autêntico começa sempre e prossegue no âmbito do serviço à missão evangelizadora."(173). No meu serviço, tenho muitos sonhos e aspirações para a nossa juventude da família Vicentina: ver e ter jovens com ilusões e desejos onde todos sintam que realizamos esforços para manter a nossa associação forte. Para tal é preciso acompanhá-los.
O acompanhamento é saúde, bem-estar, por isso as coisas são maravilhosas, não podemos andar sozinhos. Apesar de caminharem com os jovens, quero animar-vos para a tarefa de acompanhá-los. Sei que alguns têm ferramentas para fazê-lo, outros estão à procura, outros têm boa vontade, mas não é suficiente...
Porquê usar uma pintura? Porque alguns vêem e outros olham. Neste caso, humildemente, eu olhei e decidi fazer esta analogia. Considero que trabalhar com analogias ajuda-nos a ter opiniões críticas: a argumentar, a perguntar, aprender e a desaprender.
Quando me apresentei aos Assessores Nacionais e à JMV do mundo fiz uma analogia com a música: Hoje eu convido-vos a ouvi-la e dança-la...:
"A música e o trabalho com os jovens. Os elementos básicos da música são: o ritmo, a melodia, a harmonia e muito mais. O que aconteceria se combinassemos a vida, a família, o espírito, o carisma e os valores pessoais? O que poderia originar? O trabalho com os jovens tem o seu próprio som, diferentes ritmos e harmoniza-se de várias maneiras, e por vezes é complicado. No entanto, se juntassemos esses elementos com outros sons, passaríamos de sons independentes a uma peça musical muito bela, é assim que vejo o trabalho com os jovens. Temos de conciliar vários elementos com os jovens e com a sua realidade para fazer um concerto musical que motive à vida na JMV com o objetivo de contagiar outras pessoas no caminho da fé e do serviço. Para conseguir isto, há que dedicar o nosso tempo, teremos de aprender a relacionar: a vida, as capacidades, os ritmos, entre outros. "
Convido-vos todos a irem para a pista de dança. Nunca podemos esquecer que a música une e quebra fronteiras. O nosso Papa já está na pista de dança, ele está na primeira fila, não nas últimas cadeiras.
Porquê este pintor e não outro? Porque esta pintura tem para mim um profundo significado: o de que Jesus está vivo.
Esta exposição é apenas uma pincelada, desejo que seja uma ferramenta útil para o desenvolvimento do trabalho de acompanhamento e que seja realizado com amor, prazer e alegria.
O que é a arte?
A arte é a capacidade de comunicar aos outros os próprios sentimentos, através da utilização de sinais externos e, em particular realizar e demonstrar a beleza "É a expressão sensível do Belo".
O que é o acompanhamento?
Acompanhamento é um termo vasto, no entanto quero começar a partir da palavra latina "cum panis", aquele que partilha o pão, aquele que está ao teu lado, aquela pessoa mais próxima, que ouve, que dialoga e mantém o relacionamento interpessoal. Pode-se dizer que existem dois tipos de acompanhamento. O acompanhamento para curar feridas, o que permite a integração pessoal, quem pode realizar esta tarefa serão pessoas especializadas sobre isto, e o outro tipo é o acompanhamento pastoral que é próprio de todas as pessoas.
Há passagens bíblicas que poderíamos destacar para falar do acompanhamento: Os discípulos de Emaús, o Bom Samaritano, o Bom Pastor, o Filho Pródigo. Apesar das diferentes características das pessoas, de culturas diferentes (samaritanos), a rejeição dos costumes (Filho Pródigo) em todas elas destaca-se a proximidade, está presente o diálogo, a abertura, a escuta, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, "A Alegria do Evangelho", pode iluminar alguns aspectos do trabalho de acompanhamento [1]. É um trabalho difícil.
Desde o seu nascimento o Ser humano precisa de acompanhamento, daí ser necessária mais atenção quando somos mais novos. Não é uma tarefa de fácil de conseguir. Parafraseando Sócrates, "confiar a sua alma ao outro é algo muito sério", é estar ao seu lado, ajudá-lo a discernir e ajudá-lo solidariamente a caminhar na vida, como a analogia usada por Savater com a parede e uma hera, a segunda não cresce sem a primeira, assim passa com o jovem quando se lhe oferece suporte e forças para enfrentar as diversas situações da vida, de contrário, o resultado será um desastre [2].
Ser acompanhante pastoral do jovem significa: fazer com que o jovem "assente", ou seja, que permaneça concentrado no que faz durante o tempo suficiente para fortalecer a sua curiosidade inicial, fraca e passageira a fim de tomar um rumo concreto [3].
A quem acompanhar?
Um acompanhante como o próprio nome indica pode acompanhar qualquer ser humano, agora apenas quero considerar o jovem como o objetivo primordial de atenção do acompanhante. Ao falar de juventude, podemos falar sobre muitas características da mesma. No entanto depende da cultura, da época de nascimento, do local de crescimento, da educação, etc. Não quero entrar em muitos detalhes para não esquecer que o acompanhante é o ponto de partida e de chegada.
O jovem recebe ataques da sociedade de consumo, que lhe oferece a felicidade no ter e não no ser. "A televisão dá modelos de vida, exemplos e contraexemplos, viola toda a privacidade e promove (...) a abundância de notícias, muitas vezes contraditórias (juntamente com as noticias que as acompanham). "A televisão tende a reproduzir os mecanismos de socialização primária utilizados pela família e pela Igreja: socializa através de gestos, climas afetivos, tons de voz e promove crenças, emoções e adesões totais" (JC Tedesco) ... Não há nada mais subversivo que a televisão ... mas é a própria televisão que substitui os pais, é usada muitas vezes para distrair os filhos quando os pais estão ausentes... ou muitas vezes estão presentes mas são como estatuas em frente ao ecrã, e as próprias crianças" quando chegam a adolescência, os jovens são o resultado deste modo de vida [4].
A escuta e a proximidade são os requisitos mínimos para ter uma entrevista séria e agradável: para que o jovem se sinta num ambiente confortável, reservado sem interrupções, proporcionar um tempo favorável aos jovens. Por vezes temos que nos pôr na pele do jovem para entender o que diz; compreender a sua realidade, estar em sintonia com essa realidade pode ser frequente ou não, pode ser formal, informal.
Quem é Siegel Köder?
Sieger Köder nasceu a 3 de janeiro de 1925 em Wasseralfingen (Alemanha) onde fez os seus estudos secundários. Esteve preso na II Guerra Mundial. Estudou para ser gravurista e ourives. Estudou Inglês e literatura inglesa até 1951, durante 12 anos ensinou arte e trabalhou como artista, Köder fez teologia e em 1971 foi ordenado sacerdote católico.
De 1975 a 1995 foi pároco de Hohenberg e Rosenberg. Depois foi para uma aldeia, não muito longe de Stuttgart, onde vive agora. Os anos de paróquia inspiraram a maioria das suas pinturas. Existe uma harmonia completa entre as duas vocações, de padre e artista.
A sua experiência remonta à época nazista e do Holocausto e isso está constantemente refletido nos seus quadros, onde quase nunca falta uma referência explícita ou implícita ao mundo judaico. As pinturas Köder também têm um profundo significado teológico. Quase nunca pinta o rosto de Cristo, reflete-o na maioria das vezes na água ou no vinho. (Como o exemplo do Lava- pés ou da última ceia). Às vezes costuma pintar Jesus fora dos quadros, como se estivesse do ângulo do espectador quando olha para a foto, para indicar que hoje, Jesus contínua vivo.
Utiliza as pinturas como Jesus usava as parábolas. Sempre contam histórias cheias de simbolismo e cor, destacando a complexa condição humana e a profundidade da fé cristã [5].
Características das suas pinturas - Estilo
Sieger Köder é um seguidor tardio movimento artístico forte dos inícios do século XX, na Alemanha o expressionismo é uma arte inspirada em Van Gogh que especialmente despreza a forma artística em favor do conteúdo. A sua intenção é expressar o que o autor sente, sem quaisquer restrições formais ou estéticas. Pretende-se que o espectador tenha um impacto emocional através das cores, das formas retorcidas, da composição agressiva, etc., assim as pinturas expressionistas não têm nenhum respeito pela perspectiva, pelaa composição ou pelo tratamento da luz. Usam as cores de forma violenta, provocando formas distorcidas ou caricaturas que provoquem no espectador os mesmos sentimentos do autor. Além da cor, os expressionistas gostam mais do simbolismo que contém mais conteúdo, que a mera representação objetiva das coisas. A sua forma de expressão é linear e muito rítmica, à procura de uma simplificação absoluta da forma e da cor. Neste sentido, procuram recuperar as formas de expressão da arte primitiva ou medieval.
Como ver os quadros? [6]
Os expressionistas pretendem criar emoções internas. Portanto, para ver os seus quadros há que observar o que provocam em nós mesmos. Por trás de cada quadro de Sieger Köder há uma história por contar. Uma história sobre o ser humano, sobre ti mesmo, e ao mesmo tempo está a contar uma história sobre Deus. Cada quadro faz referência a vários textos bíblicos. Convém observar os quadros olhando para os nossos próprios sentimentos e ver o que é que Deus nos quer transmitir com essa pintura inspirada na bíblia.
Reflexão sobre o acompanhamento.
Pintura de Emaús.
A imagem representa a passagem bíblica conhecida como os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35), que conta a decepção dos discípulos. Os dois peregrinos partilham a sua vida, sentem-se miseráveis, tristes, decepcionados, e desesperados por aquilo que viveram. Acreditavam num projeto em que "Jesus seria o libertador de Israel", mas isso não aconteceu exatamente como pensavam. Eles voltaram para a mesma vida porque não tiveram um companheiro para ajudá-los a refletir, a analisar e a projetar o que estavam a viver. Jesus toma a iniciativa vai ao encontro deles, escuta, está interessado no seu desânimo, pergunta sobre o que conversam. Parte da sua realidade, dos seus sentimentos, da sua experiência, da sua tristeza mas eles não entendem que Ele está a acompanhá-los. Jesus é como um companheiro. Que caminha com eles, ouve, faz-lhes perguntas, reconhece que a fé é um processo por vezes muito longo. Quando eles O reconhecem, desaparece. Eles voltam para Jerusalém; querem levar a mensagem, a boa notícia: Jesus é vida, esperança, ou seja, o seu projeto faz sentido.
Na pintura há uma luz que é central, sem forma. Existem três partes do quadro que vou descrever separadamente. A parte central é relativa aos dois homens à volta da mesa com o pão e o vinho. Em cada uma estão sublinhadas algumas características do acompanhante.
Primeira parte
À esquerda do quadro.
Dois homens, no quadro global é quase impossível reconhecer os rostos e traços dos seus rostos. Não sabemos se eles caminham, mas observa-se que eles têm um livro, no entanto é impossível ler algum texto na escuridão.
O fundo desta imagem é escuro mas pode-se observar por detrás dos homens umas cruzes e a lua.
Isto faz-me pensar que o acompanhante às vezes não ver claramente o que está por detrás de cada jovem. No entanto o mais importante é a atitude de proximidade.
---Escutar pacientemente. Saber escutar sem pressas e sem interromper, dispor de tempo. É preciso escutar durante muito tempo em silêncio antes de dizer qualquer palavra ao jovem. Aceitar que cada jovem tem o seu próprio ritmo e apoiar-lhe para que ele continue o seu processo.
As cruzes significam a morte de Jesus. O que pensavam os discípulos a respeito de Jesus não aconteceu como eles tinham pensado. As coisas não tinham sentido. Nas sombras percebe-se que há uma terceira pessoa com uma luz por cima. A experiência do Ressuscitado não foi ainda entendida pelos discípulos “e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho;” (Lc 24,14-15)
Uma experiência de fé que é colocada a serviço dos jovens: quem se sentiu amado pode fazer com que os outros se sintam amados, dar um sentido a vida, transmitir a alegria de viver. "É a capacidade do coração que torna possível a proximidade" (E.G, 171).
Segunda Parte
Trata-se dos mesmos homens em segundo plano? Agora é possível distinguir, as suas
roupas são diferentes: azul e vermelho. Estão ao lado da mesa quadrada, coberta com uma toalha branca. Estão muito perto dela, como se não houvesse mais espaço no quadro. Em cima da mesa há três copos com um líquido vermelho, talvez seja vinho. Se eles são dois porque há três copos? O pão está partido em três fatias, também, duas em cima da mesa, que corresponde ao número de pessoas que estão sentadas na mesa, mas uma das pessoas tem um pedaço de pão na mão.
Acolher: Além de tratar as pessoas de maneira educada, receber e tratar os jovens com amor e delicadeza, é saber harmonizar com o coração e ir mais além das palavras que se dizem e se escutam sem forçar os silêncios [7]. «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» (LC. 24, 17)
Humildade: Reconhecer que se é o protagonista deste trabalho mas um instrumento para o crescimento dos jovens. Não é ser o "muro das lamentações", há que saber dizer que não, és alguém que partilha a vida com eles, suas realidades, seus sonhos e ilusões.
Instrumentos de ajuda: Ser acolhedor não basta. É preciso colocar a mesa, preparar o lanche, ajudar o jovem a tomar consciência das suas necessidades e da sua realidade. Na entrevista será melhor se for realizada num lugar apropriado com um ambiente acolhedor, onde se consiga proximidade e escuta. Há que saber claramente até onde se quer ir com o acompanhado. Algumas questões que podem ajudar-vos: Que procuras? Porque agora? Porque eu? Sem esquecer de fazer um plano de acompanhamento.
Atitudes: As melhores atitudes para com os jovens são as positivas: a proximidade, a aceitação, a amizade; assim como estabelecer limites com eles, propondo opções. Estabelecer limites ajuda tanto a adolescentes como a jovens. O acompanhante deve ter confiança, acreditar em si mesmo, mostrar as suas qualidades, dar o melhor de si e ajudar os jovens a fazer o mesmo.
a.Em frente à mesa.
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras... Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso... (LC 24, 27-29)
Em frente à mesa há alguns escritos, uns enrolados, outros como tábuas abertos [8], como se eles estivessem estudando. Talvez seja a Tora [9]. Há uma luz intensa que forma um arco na porta. Talvez alguém estivesse ai ou ainda esteja, mas a luz não nos deixa ver quem é. Poderia ser porque já era tarde quando lhe convidaram para comer? Deixaria a porta aberta? “Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no;" (Lc 24, 31).
O acompanhante não é um diretor, senão fraterno e livre: Não se trata de «Eu em teu lugar». "Sabe reconhecer a situação de cada pessoa diante de Deus" (EG 172). De referir que o acompanhamento dos adolescentes tem três momentos: o sonho, que lhes ajuda a sair da infância e a seguir em frente. O projeto, que lhes ajuda a fazer a vontade e a realização, sabendo claramente que o objetivo é de transformá-los em adultos. Eles têm necessidade de serem acompanhados em todo este processo.
Ele é um convidado: O acompanhante é alguém que é convidado a participar no mundo do outro, a quem se dá autorização para entrar com o objetivo de ficar mais próximo; de conhecer a vida de quem o convida, não para determinar o que ele deve fazer e como deve fazer; há que haver um profundo respeito pelo acompanhado. Na medida em que o acompanhado progride, cresce, o trabalho do acompanhante [10] diminui de intensidade, porque está claro o que queremos.
Ele é criativo: "O resultado pastoral não depende da riqueza dos recursos, mas da criatividade no amor" [11] com os meios que tem à disposição, com as oportunidades que surgem, terá de aproveitá-las para conseguir acompanhar no caminho da vida.
b. Duas posições diferentes
A primeira posição: a do homem de azul, de cabeça baixa, como quem está a pensar, o
seu talit [12] sobre a cabeça, segundo o seu costume e tradição, come o pão de uma maneira silenciosa e tímida; talvez esteja a fazer uma oração antes de comer. Tem um olhar um pouco perdido ou talvez esteja olhando os escritos.
Respeitador: O acompanhante ou aquele que deseja acompanhar é alguém que conhece
ou que está empenhado em conhecer e compreender o ambiente dos jovens, que é capaz de escutar, «quantas vezes forem necessárias» (EG 169). A escuta ajuda-nos a encontrar os gestos e as palavras oportunos que nos desinstalam da cómoda condição de espectadores para entender a realidade dos jovens. (cf. EG. 171)
Segunda posição: a do homem de vermelho: olhando atentamente na direção da luz, a postura da da mão direita indica que está admirado; na mão esquerda segura um copo de vinho e o seu braço está perto dos escritos. Possivelmente estivesse a estudar os escritos e por isso estava atento. Leva posto o seu Talit nos ombros. Em vez de fazer oração talvez falasse com outra pessoa, quem seria? A sua postura direita, serena, parece otimista.
Apoio na maturidade: O acompanhamento pastoral não têm como objetivo criar um comportamento infantil, pessoas independentes. Fala-se, partilha-se e depois cada um tem assuas próprias atividades.
O Evangelho propõe-nos que se corrija e ajude a crescer uma pessoa a partir do reconhecimento da maldade objectiva das suas acções mas sem proferir juízos sobre a sua responsabilidade e culpabilidade Seja como for, um bom acompanhante não transige com os fatalismos (não corre riscos, não se atreve, não se acobarda) nem com a pusilanimidade (falta de ânimo, força para suportar as desgraças, fazer opções faz parte da vida)…(EG 172).
Para alcançar a maturidade, ou seja, para que as pessoas sejam capazes de decidir livremente e com responsabilidade é necessário dar-lhes tempo, ter bastante paciencia. É impossível que o jovem tenha o nosso ritmo mas também não se trata que o acompanhante vá ao ritmo do jovem.
Terceira Parte
«Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e
apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.». (Lc 24,33-35)
Atrás do homem de vermelho percebe-se que há pessoas segurando com as mãos uma grande vela que os ilumina. As outras mãos leva-nos a pensar que podem ser expressão de alegria e que estão em movimento. Serão os homens da primeira parte? Os que não estão visíveis e permanecem estáticos ou são outros, serão os da segunda parte? Ou serão os mesmos desde o início e mudaram de posições e atitudes depois da segunda parte.
O acompanhante é um educador. Conhece o que acontece à sua volta. Educar não é somente transmitir conhecimento, também é «acompanhá-los para um ideal de vida e num projeto social» [13], que poderia ser: dar sentido à vida do jovem a fim de levá-lo a assumir o seu papel na sociedade.
Deixa-se ajudar: Ir ao encontro de possíveis colaboradores no trabalho de acompanhamento tais como professores, assistentes sociais, psicólogos. Procurar na Igreja colaboradores, «uma igreja à capaz de voltar a Jerusalém?; Capaz de acompanhar o regresso a casa?; Acolhedora, ouvinte; com calor em vez ser fria, austera e distante; «Uma Igreja capaz de revitalizar os corações» [14]. O trabalho se for realizado com os outros torna-se melhor.
Estar atualizado. Ser um acompanhante da era digital. Hoje o conhecimento ao está ao alcance dos jovens mais facilmente pelos meios tecnológicos: televisão, telefone, telemóvel, inernet, redes sociais (facebook, whats app, twitter, ...). Este excesso de informações também cria muita confusão. É importante organizar a essência da mensagem e estabelecer-lhes critérios de valores para ajudar os jovens no discernimento.
Precisamos de homens e mulheres que conheçam, a partir da sua experiência de acompanhamento, o modo de proceder onde reine a prudência, a capacidade de compreensão, a arte de esperar, a docilidade ao Espírito, para no meio de todos defender as ovelhas a nós confiadas, que no nosso caso, são os jovens dos nossos países. (EG 171)
A arte e o Acompanhamento pastoral
Indico alguns elementos semelhantes entre o artista e o acompanhante:
- Pessoa paciente, o tempo é o seu aliado, avança marcando um ritmo;
- Identifica o que ele quer fazer e entretanto faz e continua a criar;
- Pessoa apaixonada, coerente com as suas ideias e com o que realiza;
- Pessoa com qualidades: a admiração, contemplação;
- Pessoa que tem experiência do que faz;
- Pessoa que deixa sobressair o melhor de si mesma;
- Pessoa criativa.
O acompanhamento pastoral segundo "Evangelii Nuntiandi" [15] lembra-nos que: a fidelidade a uma mensagem da qual nós somos os servidores, e às pessoas a quem nós a devemos transmitir intacta e viva, constitui o eixo central da evangelização» (n°4). O encontro é um anúncio e uma inserção num processo amplo de crescimento e da integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta (EG 166)... que resulta de uma expériência de fé e de serviço. Provocando a formação e o amadurecimento,... e não somente uma formação doutrinal (cf. EG. 160 e 161)...de forma fraterna, acessível, no diálogo, a cada vez que for necessário... nesta «arte do acompanhamento» (EG169).
O acompanhamento deve conduzir-nos cada vez mais a Deus, de quem podemos alcançar a verdadeira liberdade. O acompanhamento seria contra-producente caso fosse uma terapia. Para isso é necessário recorrer a profissionais quando se trata de casos que o acompanhante já não pode resolver.
Graças a este trabalho, quis colocar em evidência a pessoa do acompanhante: Uma pessoa que quer realizar este serviço e possui qualidades como: a proximidade, a escuta, o diálogo, a paciência, "se um cego conduz outro cego, ambos acabarão caindo num buraco" (Mt. 15,14). É uma pessoa que encontra sentido à vida; que motiva os jovens para que vivam com os outros as suas experiências de vida e de fé; a ver Deus nos pobres e os pobres em Deus. É um testemunho de vida pelas suas atitudes. Finalmente, o acompanhante dos jovens está convencido de que o jovem é aquele que deverá tomar as decisões necessárias para crescer na vida. Não é o acompanhante quem decide o caminho a seguir. Ele acompanha ajudando o jovem a ser o arquiteto e o protagonista de sua própria história.
Notas
[1] O pregador deve também pôr-se à escuta do povo, para descobrir aquilo que os fiéis precisam de ouvir. EG 154
[2] Savater, Fernando. “El valor de educar”, ed. Ariel, 14ª Edición, Barcelona, pág. 47
[3] cfr. Desiato, Massino. Reseña de “el valor de educar” de Fernando Savater, revista Educere, vol. 4 núm. 11 octubre-diciembre 2000, universidad de los andes, Venezuela, pp. 267-268,
[4]Savater, O.C. pág 32-33.
[5] https://app.box.com/s/ltgc9kt9i9daxv8rfqiy
[6] Ibidem.
[7] Cfr. Ubillus, José Antonio. “El rol del asesor en los grupos laicos de la FV” revista vicentiana julio-octubre 2002, Roma, pag. 468.
[8] Las dos tablas de la Ley, con las diez Palabras (mandamientos) es otro símbolo religioso característico del pueblo judío, esculpido o representado con frecuencia en las sinagogas. Recuerda que Yahvéh les dio la Torá ( la Ley ) en el Monte Sinaí y también la llamada a la obediencia y a la fidelidad a Dios.
[9] Cuerpo total de las enseñanzas y leyes judías. A su vez, en hebreo, Torá significa ley, doctrina y también, instrucción y enseñanza. En su acepción más profunda, Torá es la raíz y núcleo espiritual y ,el mundo, su expresión física. http://www.tora.org.ar/
[10] Ubillus O.C. pág. 467.
[11] Spadaro, Antonio. “El sueño del papa Francisco”, El rostro futuro de la Iglesia, Publicaciones claretianas, 2013 pág. 57.
[12] El Talit es el chal que se emplea durante la oración. Generalmente es de lana blanca. Tiene flecos o borlas, en sus cuatros esquinas ( Núm 15,37-41). Se coloca de modo que cubra la espalda y caiga hacia adelante sobre los hombros. Todo varón judío debe vestir su talit durante la oración común. Es costumbre obsequiarle uno de estos mantos al joven judío en la ceremonia de iniciación a la vida adulta ( la fiesta de bar mitzvah ). La bandera de Israel sigue el esquema básico de un talit: fondo blanco, con dos delgadas bandas celestes a lo largo de la misma, y el escudo de David en el centro. Cfr. http://www.buzoncatolico.es/formacion/cultural/judiosvestidosytradiciones.html
[13] Savater, O.C. pág. 43
[14] Spadaro, O. C. pág. 63
[15] Exhortación Apostólica "Evangelii Nuntiandi" Anuncio del Evangelio de Pablo VI (1975).
BIBLIOGRAFIA
Savater, Fernando --- “El valor de educar”, ed. Ariel, 14ª Edición, Barcelona.
Spadaro, Antonio --- “El sueño del papa Francisco”, El rostro futuro de la Iglesia, Publicaciones claretianas, 2013.
REVISTAS.
Desiato, Massino --- Reseña de “el valor de educar” de Fernando Savater, revista Educere, vol. 4 núm. 11 octubre-diciembre 2000, pp. 267-268, universidad de los andes, Venezuela.
Ubillus, José Antonio --- “El rol del asesor en los grupos laicos de la FV” revista vicentiana julio-octubre 2002, Roma.
DOCUMENTOS.
via pulchritudinis,--- Pontificio consejo para la cultura, camino privilegiado de evangelización y de dialogo. Documento final de la Asamblea Plenaria, 2006.
Evangelii Gaudium,--- Exhortación Apostólica, La alegría del Evangelio, Papa Francisco, 2013.
PAGINAS WEB
http://definicion.de/arte/#ixzz32HPdvD00 http://www.banrepcultural.org/blaavirtual/ayudadetareas/frecero/frecero3.htm http://www.slideshare.net/tomperez/qu-es-el-arte http://es.wikipedia.org/wiki/Arte https://app.box.com/s/ltgc9kt9i9daxv8rfqiy http://www.buzoncatolico.es/formacion/cultural/judiosvestidosytradiciones.html. http://www.tora.org.ar/ http://vocacionreligiosa.org/acompanamiento/ique-significa acompanamiento.html